Sergio Moro deixou a Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, por volta da 00h30 deste domingo (3) após depoimento no qual reforçou acusação contra Jair Bolsonaro. Segundo o ex-juiz federal, o presidente tentou interferir politicamente em investigações da PF. O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública ficou no edifício por mais de 11 horas. Ele chegou à Superintendência por volta das 13h15 e prestou depoimento das 14h20 até cerca de 22h40, ou seja, por mais oito horas. Contudo, demorou mais de duas horas após o fim da oitiva para deixar as dependências do prédio da PF.
Ao Paraná Portal, uma fonte que participou do depoimento de Moro afirmou que foram apresentadas novas provas que sustentam as acusações contra Bolsonaro. Entre os arquivos disponibilizados, estão mensagens de texto e áudios.
Contudo, as provas ainda não serão divulgadas e agora o inquérito aberto pela PGR (Procuradoria-Geral da República) segue seu curso.
DEPOIMENTO DE MORO: PAUSAS E PARTICIPANTES
Perto das 18h30, foi feito um intervalo no depoimento de Moro para que os participantes pudessem tomar café. Depois, às 21h30, um entregador de aplicativo deixou oito pizzas em um pedido de quase R$ 300.
Além de Moro, participaram do depoimento a delegada Cristiane Correa Machado, chefe do Sinq (Serviço de Inquéritos Especiais) e outros dois delegados federais, além de três procuradores da República – João Paulo Lordelo Guimarães Tavares, Antonio Morimoto e Hebert Reis Mesquita.
Além disso, Moro esteve acompanhado do advogado Rodrigo Sánchez Rios e outros dois assessores.
O depoimento foi conduzido pela chefe do Sinq, grupo responsável por conduzir inquéritos autorizados pelo STF e um escrivão da PF.
Moro entrou na PF pelas portas do fundo, evitando os manifestantes que cercavam a Polícia Federal.
Apoiadores do ex-ministro e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro chegaram a dividir o mesmo espaço em frente à sede da PF e houve confusão. Um cinegrafista da RIC TV (afiliada da Record no Paraná) foi agredido por um manifestante, que o confundiu com um funcionário da TV Globo. Depois da confusão, a segurança foi reforçada pela PMPR (Polícia Militar do Paraná).
ACUSAÇÕES CONTRA BOLSONARO
Sergio Moro acusou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de interferir nas investigações da Polícia Federal. As acusações foram feitas no dia em que Sergio Moro pediu demissão da pasta, na sexta-feira da semana passada.
Durante o pronunciamento, Moro reforçou que deixava a pasta por conta das interferências políticas do governo nas investigações feitas pela Polícia Federal.
“Bolsonaro me disse mais de uma vez que queria um diretor que pudesse ser de seu contato pessoal, que ele pudesse ligar, obter informações. Imagine se na época da Lava Jato a presidente Dilma, e o ex-presidente, ligassem para obter informações sobre as investigações? Isso na dá!”
Moro reforçou que não teria problema nenhum em trocar os comandos da Polícia Federal, tanto com relação à direção da PF quanto às superintendências (embora o ex-ministro tenha afirmado que as as indicações para as superintendências não fariam parte do seu trabalho), mas reforçou que precisaria de um real motivo para tais mudanças.
“Não é tanta a questão de quem, mas por quê está saindo. Ontem houve uma insistência do presidente para troca. Eu disse a ele que seria uma interferência política e ele disse que seria mesmo.”
INVESTIGAÇÃO
Após determinação do do ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), o depoimento de Sergio Moro deveria apresentar provas das acusações feitas na semana passada contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O local do depoimento foi em Curitiba pelo fato de Moro já ter voltado a morar na capital paranaense – ele deixou Brasília na semana passada.
A oitiva foi a primeira medida tomada no inquérito aberto após pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras. A investigação tem como objetivo apurar a suposta tentativa de interferência na PF ou crime de denunciação caluniosa.
A partir desse momento, a Câmara dos Deputados precisa autorizar, com anuência de pelo menos dois terços dos deputados, para que o STF possa deliberar ou não sobre a aceitação da denúncia.
Se as acusações de Moro no depoimento se mostrarem infundadas, ele pode ser acusado por denunciação caluniosa ou crime contra a honra.
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