quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Morre o poeta que cantou Ipiaú e teorizou a literatura de cordel

Fuad era filho do árabe José Maron, um dos fundadores de Ipiaú.
No ano em que o município de Ipiaú comemora o 80º aniversário da sua emancipação politica, morre em Vitória da Conquista, aos 86 de idade, um dos seus filhos mais legítimos e ilustres: o poeta, escritor, cordelista e cantador de viola Fuad Maron. Ele fez a passagem na noite desta terça feira (24), deixando uma história de amor à sua terra natal e bons motivos para ser estudado e pesquisado. Fuad era filho do árabe José Maron, um dos fundadores de Ipiaú, tendo chegado por estas plagas por volta de 1914. O jornalista Wilson Midlej (neto de outro fundador de Ipiaú: Elias Midlej) define seu primo  Fuad como “um beduíno nascido à beira do Rio   de Contas” , em 10 de janeiro de 1927. Sua mãe se chamava Benigna Brito Maron. ”O menino( conta Wilson) “ foi criado na fazenda Babilônia, depois estudou no  internato do Colégio Clemente Caldas em Nazaré e foi até o curso científico em Salvador. Segundo afirmava, não teve vocação nem persistência para colocar no dedo o anel de doutor. Depois das provas nos embates cotidianos, conseguiu graduar-se na universidade da vida. Do seu convívio com os cantadores de viola nasceu o interesse pela literatura de cordel, tornando-se um cultor inteligente desse gênero literário. Publicou cinco livros abordando o tema: “O Saara Remexido por Cascos de Dromedários”, “Na Vaquejada do Verso”, “Canoeiro do Rio de Contas”, “E não deram um livro ao menino” e “A Viola e Eu”.
"Canoeiro do Rio de Contas”, é uma das obras do poeta.
Membro da Academia Conquistense de Letras, Casa da Cultura de Conquista, Associação dos Violeiros da Bahia, Associação de Repentistas e Poetas Nordestinos e da Casa da Poesia de Salvador, foi como conhecedor e teórico da Literatura de Cordel e ativista na cantoria de viola que presidiu corpo de jurados de inúmeros festivais e congressos de cantadores de viola, notadamente em Campina Grande e Feira de Santana. Como poeta, Fuad Maron exauriu todas as fontes de pesquisas da poesia sertaneja de São José do Egito a Campina Grande e de Caruaru ao Crato, encontrando na influência da música árabe, da melodia espanhola e do fado português, a origem da cantoria sertaneja e do aboio dos vaqueiros na caatinga e nos sertões brasileiros”. Foram  tantos os versos e poemas dirigidos por Fuad a  Marilia, sua musa constante, a Eva e Átila, seus filhos queridos, a Euclides Neto,seu amigo, entre tantas outras pessoas.Wilson Midlej  destaca  um desses versos  que aqui reproduzimos:-“Esta viola que é minha/Tem uma frente amarela/Ela se abraça comigo/Eu me abraço com ela/Ela senta no meu colo/Eu coço a barriga dela”.(Giro/José Américo Castro).

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