Fuad era filho do árabe José Maron, um dos fundadores de Ipiaú. |
No ano em que o município de Ipiaú comemora o 80º aniversário da sua
emancipação politica, morre em Vitória da Conquista, aos 86 de idade, um
dos seus filhos mais legítimos e ilustres: o poeta, escritor,
cordelista e cantador de viola Fuad Maron. Ele fez a passagem na noite
desta terça feira (24), deixando uma história de amor à sua terra natal e
bons motivos para ser estudado e pesquisado. Fuad era filho do árabe
José Maron, um dos fundadores de Ipiaú, tendo chegado por estas plagas
por volta de 1914. O jornalista Wilson Midlej (neto de outro fundador de
Ipiaú: Elias Midlej) define seu primo Fuad como “um beduíno nascido à
beira do Rio de Contas” , em 10 de janeiro de 1927. Sua mãe se chamava
Benigna Brito Maron. ”O menino( conta Wilson) “ foi criado na fazenda
Babilônia, depois estudou no internato do Colégio Clemente Caldas em
Nazaré e foi até o curso científico em Salvador. Segundo afirmava, não
teve vocação nem persistência para colocar no dedo o anel de doutor.
Depois das provas nos embates cotidianos, conseguiu graduar-se na
universidade da vida. Do seu convívio com os cantadores de viola nasceu o
interesse pela literatura de cordel, tornando-se um cultor inteligente
desse gênero literário. Publicou cinco livros abordando o tema: “O Saara
Remexido por Cascos de Dromedários”, “Na Vaquejada do Verso”, “Canoeiro
do Rio de Contas”, “E não deram um livro ao menino” e “A Viola e Eu”.
"Canoeiro do Rio de Contas”, é uma das obras do poeta. |
Membro da Academia Conquistense de Letras, Casa da Cultura de Conquista,
Associação dos Violeiros da Bahia, Associação de Repentistas e Poetas
Nordestinos e da Casa da Poesia de Salvador, foi como conhecedor e
teórico da Literatura de Cordel e ativista na cantoria de viola que
presidiu corpo de jurados de inúmeros festivais e congressos de
cantadores de viola, notadamente em Campina Grande e Feira de Santana.
Como poeta, Fuad Maron exauriu todas as fontes de pesquisas da poesia
sertaneja de São José do Egito a Campina Grande e de Caruaru ao Crato,
encontrando na influência da música árabe, da melodia espanhola e do
fado português, a origem da cantoria sertaneja e do aboio dos vaqueiros
na caatinga e nos sertões brasileiros”. Foram tantos os versos e poemas
dirigidos por Fuad a Marilia, sua musa constante, a Eva e Átila, seus
filhos queridos, a Euclides Neto,seu amigo, entre tantas outras
pessoas.Wilson Midlej destaca um desses versos que aqui
reproduzimos:-“Esta viola que é minha/Tem uma frente amarela/Ela se
abraça comigo/Eu me abraço com ela/Ela senta no meu colo/Eu coço a
barriga dela”.(Giro/José Américo Castro).
Nenhum comentário:
Postar um comentário