terça-feira, 16 de setembro de 2014

Trampolim Exercicios para Perder Barriga do Forte

Trampolim do Forte
Cena do filme Trampolim do Forte. Foto: Divulgação
A PMBA volta às telas dos cinemas em mais um filme.  Há alguns anos foi retratada no clássico “Ó paí, ó” como instituição composta por homens que são “como papel higiênico: quando não estão enrolados, estão na m…”, nas palavras de um personagem. O roteiro apresentava um PM que aceitou recompensa de comerciantes para matar menores infratores que agiam no Centro Histórico. Tempos depois, “À beira do caminho” mostra uma abordagem da CIPE-Caatinga onde, na busca feita em um caminhão, um revólver deixa de ser apreendido, pois estava sendo portado por uma criança que não foi revistada. Chegou a vez de “Trampolim do Forte” mencionar a Polícia Militar da Bahia.
Encarnada nas figuras do Cabo Cassiano e Cabo Consciência, a corporação surge logo no início do filme, não sendo simbolizada por viatura padrão ou brasão institucional, mas valendo-se da inconteste representação do uniforme. A primeira cena mostra o Cabo Consciência dormindo no comando de uma guarnição, com seu parceiro encontrando alguma dificuldade para acordá-lo e atender a ocorrência envolvendo um menor.
Instantes depois, a dupla espanca uma criança e subtrai o dinheiro que ela havia obtido por via criminosa. Após algum tempo, os dois são vistos novamente juntos, fardados, negociando um volume de maconha com um criminoso. Há tempo ainda para uma nova aparição, em abordagem violenta contra o infrator mirim, e o gran finale fica por conta da imagem de falso herói do Cabo Consciência. O enredo gira em torno do suspeito Tadeu, que violentava menores em Salvador. Um dos infratores o encontra em flagrante, atira contra o acusado, mas quem recebe homenagens como autor da façanha na mídia é o Cabo Consciência.
Antes que o fervor das paixões tome conta das discussões, defendendo cegamente a honra da instituição ante ao que, para alguns, é uma ofensa grave, é preciso observar se o modo como a corporação foi retratada não é algo sintomático. A arte imita a vida, colhe-se dessas formas de expressão uma referência de como o órgão tem sido visto por muitos de fora, algo imprescindível para escapar da questionável impressão que a propaganda oficial acaba induzindo a crer.
Quantos são os Cabos Consciências em meio à tropa? O que tem sido feito para combatê-los, livrando os bons servidores do comparativo com uma referência tão desprestigiosa? Em vez de encarar a realidade, vai ter gente querendo retaliar os produtores, como se estivessem encenando um devaneio.

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