Na tentativa de inibir o tráfico de drogas pesadas, o governo do Uruguai resolveu assumir para si a comercialização das consideradas leves: atuará no varejo da maconha e controlará sua produção.
O país terá um cadastro de consumidores que poderão comprar 40 cigarros de maconha mensalmente, em pontos de venda autorizados e com parte da arrecadação sendo destinada ao tratamento de viciados. As ousadas medidas fazem parte de um pacote de 16 ações destinadas a combater a insegurança pública.
O raciocínio do governo, segundo o secretário-geral da Junta Nacional de Drogas, Julio Calzada, é que o vício conduz aos mais diversos crimes. O controle do consumo de drogas leves, como a maconha, esvaziaria o tráfico de drogas mais pesadas, como a “pasta base”, um derivado da cocaína semelhante ao crack.
Já hoje, o consumo e o porte de maconha para uso pessoal não são penalizados no Uruguai. O que passará a ocorrer é o controle pelo Estado. No governo, há uma preocupação de esclarecer: não será o mesmo que um fumante ir à tabacaria comprar cigarros.
Os pontos de venda serão rigorosamente controlados, assim como o cadastro dos consumidores – o que limita a novidade aos uruguaios. O preço dos cigarros de maconha será tabelado pelo governo, levando em conta já o imposto destinado exclusivamente ao tratamento de viciados.
Outra medida que serve como contraponto à liberalização: o Uruguai passará a internar compulsoriamente os viciados em cocaína e derivados. Bastará, para isso, a assinatura de um psiquiatra que defina o usuário como viciado. Equipes multidisciplinares de dois ministérios implementarão um programa para percorrer o país em busca de viciados adolescentes. Dois centros de tratamento para pessoas entre 16 a 24 anos serão criados.